Oh, divino fruto dos mares!
Abençoada seja a tua carne.
Dás a tua nobre vida
Para que outros tenham o prazer de te manjar.
Outros, como a lagosta, serão porventura mais caros.
Terão até o privilégio de viverem mais tempo, num aquário,
Mas cozer-te vivo seria um destino demasiado cruel
Para algo tão saboroso.
Durante mais de 20 anos reneguei-te.
Contentava-me com a carne de animais terrestres
Enquanto outros se deleitavam contigo.
Ai, o que eu perdi!...
Comer-te é uma experiência para todos os sentidos.
Arrancar-te as patas e descascar o teu corpo quente
É porventura a mais táctil de qualquer experiência gastronómica.
Quando te congelam descascado ou fazem em rissóis
É como se perdesses metade da piada.
Comer camarão e chegar ao fim com as mãos limpas
Não é comer camarão.
A tua textura rija intensifica a degustação.
Quando hereges do marisco te decidem panar
Transformando o teu toque estaladiço em moleza informe
Fico com vontade de matar.
O teu sabor suculento,
Grelhado ou frito com picante
(Até cozido, por estranho que isso pareça)
Entranha-se-me na boca até à próxima refeição.
Queria continuar a louvar-te as qualidades
Mas já não tenho mais tempo nem imaginação
Portanto deixo-te apenas com um breve:
Bem Hajas Camarão!
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
3 comments:
Abençoado sejas, poeta da gastronomia nacional.
Devido a aclamação popular decidi extender a minha série de poesia a outros elementos da gastronomia (nacional e estrangeira).
E que tal um poema dedicado ao Stogonoff de Perú fantasma do último jantar?
Post a Comment