Friday 20 April 2007

Estereótipos na Venda Nova

Hoje tive que ir a uma coisa chamada Centro de Diagnóstico Pneumológico na Venda Nova (para comprovar que não tenho tuberculose, por causa da Universidade) e descobri algo que eu julgava que já não existisse, um verdadeiro estereótipo da Admnistração Pública em Portugal. Se estivesse lá uma câmara da SIC a filmar eu julgaria que estava na gravação de um episódio dos "Malucos do Riso".

O centro está localizado numa "vivenda" (que também poderia ser chamado de barracão) na Venda Nova (porque é que aquilo não podia estar integrado no Centro de Saúde é algo que eu me interrogo) e a última coisa parecida com uma redecoração que aquilo viu deve ter sido na altura em que o pessoal ia lá fazer os testes antes de ser mandado combater para o Ultramar.

A análise seguinte é o meu espírito de cidadão preocupado a vir ao de cima, não o espírito de consultor.

O corpo clínico daquilo era constituído por (pelo menos) 3 médicos, uma enfermeira e um técnico de radiologia, para um público que, a avaliar pela sala de espera, não era muito numeroso. Para apoiar havia um segurança (até aí tudo normal) e 4 (quatro!) pessoas a trabalhar atrás de uma recepção que estava forrada a dossiers grandes e velhos e onde havia apenas dois computadores arrumados a um canto (um deles estava tapado para não apanhar pó, o outro estava ligado mas não estava a ser utilizado). Naturalmente, em cada instante das quatro funcionárias apenas 1 ou 2 estava a fazer alguma coisa num dado instante (não que houvesse muito para elas fazerem, apesar da lentidão com que o faziam permitir ocasionalmente o acumular de pessoas na sala de espera).

Cheguei ao guichet para ser atendido e, sem ninguém sequer verificar o meu cartão de saúde ou colocarem o meu registo no computador, escreveram o meu nome e morada num cartão e deram-mo. Após meia hora de espera (durante a qual a enfermeira atendeu apenas uma paciente) finalmente entrei. Dos dez minutos que estive lá dentro cerca de 5 foram passados com a única enfermeira de serviço a transcrever informação do meu boletim de vacinas para o cartãozinho (algo que podia muito bem ter sido feito por uma das admnistrativas de serviço no tempo que eu estive à espera, dada a escassez relativa dos recursos de enfermagem e o baixo grau de sofisticação técnica da tarefa). Após a injecção o cartão que me deram foi guardado numa pasta de plástico com um autocolante a dizer "diagnóstico" dentro de um dossier que estava no gabinete da enfermaria (não havendo, desta forma, nenhum registo da minha passagem pelo CDP).

O Ministério da Saúde precisa desesperadamente de uma melhoria global ao nível da organização e processos...

No comments: