Pescada
És-me indiferente, pescada.
Não me aqueces nem me arrefeces.
Gosto de ti em douradinhos
Mas não te como em filetes.
Nem sequer aprecio particularmente
A ironia do teu nome.
És saudável, essa concedo-te.
E pode-se até dizer que fazes
Boa companhia ao belo do brócolo,
Mas, via de regra, sendo cozida
O teu sabor é largamente inóquo.
Dos peixes às postas és melhor que muitos
Que o pargo, a maruca, até o peixe-espada,
Não chegas, contudo, aos pés do salmão
Do cherne ou de uma boa garoupa assada.
É verdade que a culpa não é tua
De seres por vezes no Chile congelada
Vida de peixe é fria, profunda e dura
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