Sunday 27 May 2007

Para os meus muitos fãs, que já estavam com saudades

Pescada


És-me indiferente, pescada.

Não me aqueces nem me arrefeces.

Gosto de ti em douradinhos

Mas não te como em filetes.


Nem sequer aprecio particularmente

A ironia do teu nome.


És saudável, essa concedo-te.

E pode-se até dizer que fazes

Boa companhia ao belo do brócolo,

Mas, via de regra, sendo cozida

O teu sabor é largamente inóquo.


Dos peixes às postas és melhor que muitos

Que o pargo, a maruca, até o peixe-espada,

Não chegas, contudo, aos pés do salmão

Do cherne ou de uma boa garoupa assada.


É verdade que a culpa não é tua

De seres por vezes no Chile congelada

Vida de peixe é fria, profunda e dura

E a Pescanova consegue ser tramada.

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